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Querida depressão
Resolvi escrever para discutir nossa relação. Atualmente comecei a ver que você não quer me deixar e sim, continuar nossa briga diária. Você precisa entender que não fomos feitos um para o outro.
Vamos esclarecer, sinceramente não sei quando você entrou na minha vida. Será que foi na infância com os traumas de ter irmãos velhos? Será que foi na fase de extremos da adolescência? Será que foi quando acabei a faculdade e não sabia o que fazer? Será que você sempre esteve comigo?
Estou sem respostas... Ou fazendo as perguntas erradas...
Já te mandei embora, luto contra você a cada dia quando levanto da cama. Ainda assim me sinto péssima por te mandar embora, já me acostumei com sua proximidade e não sei o que fazer ou como agir sem ter você por perto. Há uma frase de uma música que talvez descreva meus sentimentos: “te adorando pelo avesso, só para mostrar que ainda sou sua...” Eu te odeio te amando ou te amo te odiando?
Gostaria de não ter que perguntar nada e nem responder, apenas que o silêncio me ensine a viver longe de você, quero me acostumar com a sua ausência da mesma forma que me acostumei com a sua presença.
Resolvi que este é meu espaço e falo de mim, me coloco em primeiro lugar, sou a protagonista de minha vida. Em minhas cartas eu sou e tenho nome, mas, os outros atores dessa peça não terão nome. Ao menos aqui tenho o direito de ser egoísta me doar às minhas emoções e não assumir a vida, os problemas, as preocupações dos outros. Você não acha que já era a hora de eu parar carregar nos ombros o peso de sentimentos alheios? Então estamos juntos, só eu e você minha querida depressão.
Prepare-se essa é a primeira de muitas cartas que irá receber. Nosso relacionamento é complexo e há muito que discutir.
Preciso de um banho e dormir.
Sinceramente
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